Uma conversa com os The Courettes, registrando o tour do grupo entre Alemanha e Dinamarca
Eu cruzei com os The Courettes em 2015, quando o single “Go, Go, Go” do álbum Here Are the Courettes!, ficou na minha mente por semanas e semanas, se tornando uma das canções que mais ouvi no ano.
[blue_box]A banda de lá pra cá, lançou os singles “Boom! Dynamite!” (2016) e “Hoodoo Hop” (2018), um álbum ao vivo, “Alive from Tambourine Studios” (2017), e no ano passado, o ótimo álbum “We Are The Courettes”, que entrou em diversas listas de melhores do ano.[/blue_box]
Aqui no blog o grupo apareceu em destaque com a canção, “Time is Ticking”, entrando entre os 20 melhores sons nacionais de 2018, quando descrevi a dupla brasileira / dinamarquesa como uma banda de garagem e história de amor.
A origem da banda é um dos destaques da entrevista gentilmente cedida pelo nosso parceiro, Janne Vuorela, que direto de Berlim, nos enviou de presente essa oportunidade de mergulhar nesse momento da banda.
![](http://www.vishows.com.br/wp-content/uploads/2019/05/posterver1youtube-e1557947202609.jpg)
Desse ótimo trabalho, destacamos os principais trechos abaixo, junto com a recomendação de curtí-lo na íntegra, afinal, além do bate papo, o vídeo mostra a dupla rodando em lojas vintage e trechos de shows na Alemanha e Dinamarca.
Os The Courettes, são Flávia Couri (voz e guitarras – ex.Autoramas, China, Sugarstar, Elepê, Doidivanas e Lingerie Underground), e o batera dinamarquês Martin Couri, que conheceu Flávia abrindo shows dos Autoramas mundo afora.
O romance evoluiu e Martin acabou importando Flávia para um projeto de vida rocker, que já rendeu um filho e uma super banda, que por sinal, conquista cada vez mais espaço, e coleciona ótimas críticas.
COMO A MÚSICA ENTROU EM SUA VIDA ?
Martin: Sempre adorei bater nas coisas, e já toquei em várias bandas de garagem nesses 20 anos de experiência.
Flávia: Ainda na adolescência fui tocar baixo, violão, xilofone… tudo numa paixão por Beatles, tanto que meu instrumento mesmo é o baixo, por onde entrei em diversas bandas… claro, que com os Autoramas foi legal, e acabei conhecendo o Martin, que tocou no Brasil abrindo nossos shows.
E OS COURETTES !!??
F: O mais legal é poder ter assim uma história de amor e também um modo de vida, até porque hoje já sei que a coisa mais valiosa da vida é tempo… e nós fazemos o que amamos como projeto de vida.
No começo, eu ficava horas e horas em voos entre Copenhagen e o Rio, o que me inspirou a fazer canções falando dessa história e desse encontro, até tentamos montar a banda com outros músicos, mas a conexão era muito nossa, então surgiu o desafio de montar os The Courettes, e fazer todo som que imaginávamos somente com 2 instrumentos.
Foi rápido, pois já em nosso primeiro show pintou a chance de gravar um álbum, e logo gravamos e lançamos, com bons reviews, que nos levaram a tocar por toda europa.
![](http://www.vishows.com.br/wp-content/uploads/2019/05/here-are-the-courettes.jpg)
DESIGN RETRO – GARAGE ROCK – LOVE
Courettes: Em visita à Vintage Gallery, em Hamburgo, a banda fala de seu amor por moda, design, arquitetura e de relacionado ao final dos anos 60 e início dos anos 70, quando tudo girava em torno do espaço, afinal o homem havia recém pousado na Lua, e as tendências apontavam para o futuro.
Vendo isso hoje, como uma tendência retrô, uma saudade desse passado futurista, o retrofuturismo, que nos passa sempre uma emoção, pelo uso das formas plásticas cheias de curvas e de cores fortes.
M: A música dos 60´s foi a melhor, com as Girl´s groups, The Doors, Beatles, singles de 7 polegadas que minha mãe tinha em casa… também os Rolling Stones, Kinks, Sonics…. uma lembrança dessa infância, com referências atuais, é o que mais gosto de ouvir, é puro, de coração e sem efeito falsos, sempre com músicos de verdade, espontaneidade e energia na entrega das emoções
F: Eu acho as gravações atuais muito limpas, sem a atitude que move o rock. Nós gostamos de gravar tudo junto, sem muito overdubs, fazendo a gravação quase ao vivo, afinal nos anos 60 era assim e os discos da época soam bem ainda hoje. Mas claro que ouço sons mais atuais, mas a maioria fica mesmo no início dos 2000.
Tomara que o rock volte de fato, que as pessoas mudem de mentalidade, pois tem muita coisa idiota no mundo atual, com as rádios só tocando merda, música de merda, estúpida e que soa mal.
C: Mas o rock vai voltar, e será com coisas que valham à pena, afinal a música e arte se renovam em ciclos, e acho que já chegou na hora de sons legais e novos aparecerem e resgatarem o rock.
O rock é sobre ser você mesmo, respeitar os outros e a diferenças, precisamos mais do que nunca de uma renascença do estilo, o mundo precisa disso.
NOVO ÁLBUM – WE ARE THE COURETTES
C: Nesse nosso segundo álbum, nos preocupamos em manter o espírito ao vivo, mas com pequenos overdubs, umas harmonias vocais, pianos e tal.
Ficou ainda com a cara garage que queríamos, mas com mais detalhes do que o primeiro, mostrando a forte influência dos anos 60, em especial com a sonoridade das Girls Groups da época.
M: Achamos legal que esteja sendo bem recebido, mostrando que o rock sempre será relevante, ajudando na resistência contra esse mundo estúpido, da mesmice do Spotify, das músicas ruins nas rádios.
Só a arte tem grandes chances de contar histórias e passar mensagens que duram e resistem ao tempo, e quando se faz um álbum novo, ele registra uma época e dura muito mais do que hoje se enxerga com a digitalização do consumo da música.
F: Acho que toda mídia é boa pra música, não precisamos entrar naquele lance dos anos 90, quando o CD foi vendido como o fim do Disco de Vinil, foi uma ideia errada, não se precisa abandonar um meio para entrarmos em num novo.
O Spotify é OK pra mim, claro que prefiro o vinil, até porque seu que vai durar, como produto é muito melhor, tem uma série de informações… quem gravou, técnicos, letras e capas com ilustrações.
Só não entendo quando os jovens falam que ouvem tipo Spotify, ninguém ouve isso, eu nunca ouvi Fitas Cassetes ou Gradiente…. eu ouvia música, acho importante o digital para se descobrir novos sons e depois ir atrás de coisas reais e físicas como o vinil.
![](http://www.vishows.com.br/wp-content/uploads/2019/05/were-the-courettes-e1557946444491.jpg)
Nós acreditamos nesse caminho, e sempre vendemos bem nossos vinis no shows, quando temos espaço para mostrar nossas emoções, com os erros e acertos reais do ao vivo, afinal o rock também serve pra isso, para transcender, suar, e se divertir, entregando a alma e ideias nos shows.
SER MÚSICO / ROCK EM FAMÍLIA / TOURS
M: Claro que é melhor do que um trampo tradicional, mas é um trabalho duro, sem muito descanso, pois em tour todo dia é diferente, novos palcos, cidades e públicos… e nossa banda dirige muito mesmo, muitas vezes com 13 horas dirigindo, chegando numa cidade e indo direto ao show.
F: Fora a saudade da família, do filho agora, mas é legal dirigir nossa van, tocar ora na Finlândia, França, Alemanha e Espanha. Mas como preferimos ir de carro, curtindo a aventura em estilo meio “camping /auto house”, podendo levar junto a família, já que a Van tem todas as coisas básicas para viver na estrada. Temos planos de um grande tour com a família quando nosso filho for mais velho.
É sempre uma grande aventura, há 2 anos, em Hamburgo, no Riverbank Festival,tínhamos um show oficial no evento, mas montamos um show na rua, tocando na varanda, sem permissão nem nada, claro que deu confusão, veio a polícia, que no início queria parar a apresentação, mas como a cidade é incrível, no fim o policial fechou a rua para o show, o que foi muito legal mesmo.
Lembro de estar grávida nesse, numa turnê com 25 shows de barrigão, e que foi divertida, pois o bebê chegou antes do previsto, nasceu numa sexta, e tínhamos show já no Sábado.
Iríamos cancelar mas depois que tive o nenê, me senti tão bem que no dia seguinte, ligamos re confirmando o show, os donos não acreditavam, mas depois falaram, se você está bem, acho ótimo !! Vai lá e toca !! Vai ser ótimo !!
Estava ainda meio medicada, então não lembro todos detalhes, mas foi legal… sabe, nunca cancelamos nenhum show, nem esse logo que tive o bebê.
AMBIÇÃO
F: O próximo passo acho que é continuar o que estamos fazendo, tocar melhor, para mais gente, criar álbuns mais legais, ir além do mundo garage. Eu gosto de ver o mundo como se fosse um jogo de WAR, abrir espaços e ir onde nunca fomos antes.
M: Aproveitar para ganhar mais grana, comprar melhores carros e instrumentos, e claro viajar mais.