Ao sair para ver o show de Phil Collins, que rolou dia 30 de junho desse ano no Hyde Park em Londres, fiquei me questionando se teria valido a pena o investimento, afinal não paro para ouvir nada do artista provavelmente desde o início dos anos 90, quando de certa forma, “desistí do cara” em meio à overdose de baladas e canções para a Disney que o músico cometeu.

Perfect Day in Paradise

Mas como nos anos 80 eu fui adolescente e pré adolescente, esse meu lado falou forte, já que bem no início da década o Genesis ainda era bem relevante, e o próprio Collins era respeitado e até mesmo cool, com vários videoclipes legais e singles pop inspirados e cheios de soul que lançou na época.

O dia estava perfeito,  clima era de festa com o parque lotado, banquinhas de cerveja e comidas diversas, além de atrações “fun” para a família toda.

A audiência era bem diversa, mas batia fácil na casa dos cinquenta e sessenta anos de idade.

Juro que havia  colocado na conta do humor britânico o nome da turnê “Not Dead Yet Live” (Ainda não Morri Ao Vivo), e me peguei numa estranha emoção… um enorme nó na garganta me dominou ao ver um debilitado Phil Collins entrar de bengala e com muita dificuldade no palco, sacando que sua condição de saúde realmente piorou muito nesses últimos anos.

Phil Collins no Hyde Park 2017

Imediatamente me lembrei da desenvoltura do cara em 1985 durante o Live Aid, onde tocou tanto em Londres quanto na Filadélfia no mesmo dia, aproveitando a época dos jatos comerciais supersônicos que cruzavam o Atlântico Norte e desafiavam os fusos horários, pois permitiam acordar em Londres ou Paris, tomar café da manhã e após um voo até Nova Iorque, chegar ainda a tempo para o almoço.

Na época, Collins era um super campeão de vendas e fez isso para divulgar a nobre causa de combater a fome na África, em especial na Etiópia que vivia grave crise, mostrando tanto seu lado engajado como também dando real importância aos propósitos do evento.

Imediatamente como num filme, lembrei de todos sons dele que eu realmente curtia, olha só… Turn It On Again (Genesis), No Reply at All (Genesis), Mama (Genesis) Paperlate (Genesis), Thats All (Genesis), Illegal Alien (Genesis), I Know What I Lie (Genesis), I Cannot Believe It’s True, Don’t Lose My Number, Easy Lover, One More Night, Another Day in Paradise, Sussudio, In the Air Tonigth… ou seja, me peguei na minha própria mentira, estava no lugar certo, afinal eu gostava do Phil Collins… ponto final.

E de mente mais aberta, aproveitei bem o show, até porque acompanhando Collins tínhamos uma super banda, com membros tradicionais como Daryl Stuermer (guitarras), Leland Sklar (baixo), Brad Cole (teclados), Luis Conte (percussão), Ronnie Caryl (guitarras) e o filho de Phil Collins de 16 anos, Nicolas Collins (bateria).

Hyde Park

Completaram o time, a metaleira da Vine Street Horns que é realmente fantástica e acrescenta muito balanço à apresentação, além do quarteto de voz composto por Amy Keys, Bill Cantos, Lamont van Hook e Bridgette Bryant.

Posso dizer que foi um privilégio, uma quase despedida para os fãs e para o próprio artista, tocando em casa, o que deu um tom ainda mais emocional ao show.

Ao abrir a noite, antes mesmo da primeira canção o mestre confidenciou, que havia dito que não tocaria mais ao vivo, mas que havia sentido falta do público, e começou a desfilar a nata de seu repertório, sem se preocupar muito com sons mais recentes, e em questão de segundos tinha o controle completo do espetáculo.

Cantou sentado, fazendo visível esforço em vários trechos, mas mesmo assim não deixou em nenhum momento de se comunicar e de interpretar perfeitamente cada uma das canções.

A banda compensou a falta de mobilidade agitando mesmo, dançando com o público nas canções mais ritmadas e dando um show à parte nos vocalizes e na presença de palco.

Também me emocionei, em especial nas antigonas do Genesis e nos hits arrasa quarteirão como Easy Lover, Sussudio e até em baladas como Another Day in Paradise (que abriu o show) e In the Air Tonight.

Foi um privilégio e uma constatação que de tão óbvia eu até havia me esquecido… afinal, o cara além de ser um grande baterista e cantor, sempre foi um super performer e compositor, com uma sensibilidade pop genial e que faz parte dos mitos do pop rock do século 20.

Setlist Phil Collins – 30 Junho de 2017 no Hyde Park

  • Another Day in Paradise
  • Something Happened on the Way to Heaven
  • Wake Up Call
  • Follow You Follow Me (Genesis)
  • I Missed Again
  • Hang in Long Enough
  • Separate Lives (Stephen Bishop)
  • In the Air Tonight
  • You Can’t Hurry Love (The Supremes)
  • Dance Into the Light
  • Invisible Touch (Genesis)
  • Easy Lover (Philip Bailey)
  • Sussudio
    Bis
  • Take Me Home

Para comemorar esse super show montamos a Playlist 30 sons perfeitos de Phil Collins, mostrando sons geniais de sua longa e bem sucedida carreira.

 

 

Tags:

4 Comments

  1. Adorei a matéria, estava lá e foi muito emocionante pra mim ver a força do debilitado Phil. Obrigado!! ❤️

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.