Quando o editor do Vishows me incentivou para escrever sobre a exposição do Serge Gainsbourg que fui ver no Sesc a primeira coisa que me veio a cabeça foi, legal, vou escrever  sobre sacanagem !!!

E cá entre nós, sacanagem é sempre gostoso, mesmo de fora, o que já é uma sacanagem.

Na verdade, antes de ir a exposição, não sabia ao certo quem foi o Serge ( vou deixar o sobrenome de fora pois é uma sacanagem de tão difícil), mas conhecia “Je t’aime moi non plus”, aliás quem tem mais de 30 anos e não conhece essa música, não teve sua iniciação sexual com as deliciosas pornochanchadas de sexta-feira à noite no Sala Especial… filmes até ingênuos  que passavam às 23:00 na Tv Record no início da década de 80.

Ah, quanta coisa aprendi na Sala Especial…claro que sempre escondido.

Mas voltando ao Serge, ele nasceu em Paris, filho de judeus russos que haviam emigrado para a França.

Seu nome original era  Lucien Ginzburg e a mudança para  Serge Gainsbourg aconteceu no final da década de 50. Estreou em vinil em 1958 com Du Chant à la Une! Sua carreira deslanchou em 1966, em meio à febre das Ye Ye Girls, quando passou a compor e empresariar a jovem cantora France Gall. Em 1968 começou um affaire com a atriz Brigitte Bardot, com a qual gravou canções memoráveis.

“Je t’aime moi non plus” – havia sido composta originalmente para Brigitte, mas ela, insegura com o escândalo que a música poderia causar (e certamente causou), preferiu não lançar o dueto. Serge, por sua vez, encontrou uma substituta à altura: a atriz inglesa Jane Birkin, que já havia causado escândalo com cenas de nudez em Blow Up (filme de Michelangelo Antonioni) e com a qual foi depois casado.

Serge também foi ator e cineasta. Contudo, seu maior personagem era ele mesmo. Viciado irrecuperável em cigarros, álcool, mulheres e versos com temas polêmicos, ele colecionou escândalos e amantes durante toda a vida.

O cara é feio, uma mistura de Ayrton Senna e Jean Paul Belmondo mas com certeza muitas mulheres cairam em sua rede pois tem cara de que na hora do “chega mais minha nêga”  sabe o que faz.

O sucesso de “Je t’aime” no entanto foi inegável, e a canção foi regravada mais tarde por Donna Summer e Ray Conniff, entre outros.

Serge Gainsbourg foi um talentoso compositor que soube trafegar por diversos ritmos e estilos. Produziu muitas músicas para filmes e trabalhos que vão do jazz ao rock e ao reggae, incluindo um álbum com Sly Dunbar & Robbie Shakespere na Jamaica.

Serge faleceu em 2 de março de 1991 aos 63 anos em conseqüência de um coração que já não podia mais com uma vida de excessos.

A exposição é um tanto caótica, como a vida do cantor, mas vale à pena.

Sesc Avenida Paulista
Avenida Paulista, 119, (11) 3179-3700, Metrô Brigadeiro. Terça a sexta, 13h às 22h; sábado, domingo e feriados, 11h às 20h. Grátis. Até 7 de setembro.

Para aqueles que não entendem patavina de francês, mas tem curiosidade de saber o que é falado, ou melhor, sussurrado na música, segue abaixo a tradução de Je t’aime moi non plus, e a conclusão de que é quase uma transa musicada.

Eu te amo…não mais.

Eu te amo
Sim, sim, eu te amo
Eu também não
Oh, meu amor
Como uma onda irresoluta
Eu vou, eu vou e eu venho
Por entre o teu dorso
E eu me detenho

Eu te amo,
Sim, sim eu te amo
Eu também não
Oh, meu amor….
Você é a onda, eu a ilha nua
Você vai e você vem
Por entre meu dorso
Você vai e você vem
Por entre meu dorso
E eu me junto a você

Eu te amo
Sim, sim, eu te amo
Eu também não
Oh, meu amor
Como uma onda irresoluta
Eu vou, eu vou e eu venho
Por entre o teu dorso
E eu me detenho

Eu te amo,
Sim, sim eu te amo
Eu também não
Oh, meu amor
O amor físico é sem saída
Eu vou e eu venho
Por entre teu dorso
E eu me detenho
Não! Agora! Vem!

Para as noites de pouca inspiração, fica a dica.

Beijokas,

Luca – Editora do Blog Ponte Social e colaboradora do Vishows

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